O IBGE informa haver forte influência da
migração da Região Nordeste do Brasil na composição da sua população suzanense atual.
É perfeitamente possível sentir as culturas japonesa, negra e nordestina em
Suzano: os restaurantes dedicados à culinária japonesa e as casas do Norte, os sotaques, os jornais
escritos em idioma japonês dispostos nas bancas ou durante a leitura em locais
públicos (chegamos a perceber tais publicações protegendo paredes durante a
pintura, forrando chão, disponíveis nas grandes hortas urbanas), as histórias
que ouvíamos nas andanças pela cidade, o contato direto com o povo e a
observação dos costumes, os templos religiosos e terreiros, as escolas de samba
e tantas outras marcas impressas na cultura e na paisagem urbana. Se a
realidade confirma essa presença, os dados oficiais (pelo menos os que tivemos
acesso nesta pesquisa) não lhes dão igual relevo.
Por conta dos festejos em
homenagem ao centenário da migração japonesa no Brasil, a imprensa local
divulgou em julho de 2015 a presença de aproximadamente dezesseis mil
descendentes de japoneses em Suzano. Percebemos uma concentração dos japoneses
na região do centro expandido e Sul da cidade, o que de alguma forma coincide
com a atividade agrícola. Há empresas japonesas líderes em seus segmentos
instaladas na cidade e os nomes próprios estão por toda parte. São clubes que
mantêm as tradições japonesas como a tradicional Festa da Cerejeira que em 2015
realizou sua trigésima edição. A Academia Terazaki, conhecida como a primeira
escola de judô na América, tem sua sede em Suzano. São três os templos
religiosos com arquitetura oriental na cidade: Igreja Shingonshu Kongoji,
Templo Budista Nambei Shigonshu Daigozan Jumyoji e Templo Honpa Hongwanji de
Suzano. Certamente existem outros.
A intensidade das festas juninas
e a grande Festa Nordestina em Suzano organizada pela Paróquia Santa Rita (na
região Norte da cidade) e Prefeitura Municipal, com comidas típicas (tapioca,
buchada de bode, baião de dois, bobó de camarão, sarapatel e caldo de mocotó),
apresentações de música típica regional, demonstram o cultivo de tradições do
Nordeste brasileiro na cidade. É muito comum observarmos nas feiras livres e
nos cardápios dos restaurantes, dos mais sofisticados aos mais comuns, o
encontro das gastronomias: yakissoba, tempurá, temaki, pastel, tapioca, caldos,
espetinhos, massas dentre outros.
Feijoada é prato comum nas
quartas e sábados nos restaurantes da cidade. O movimento negro atuante na
cidade e região ganhou ainda mais expressão quando este setor, somando com
outras forças políticas vinculadas às classes populares, acessou a Prefeitura
pela porta da frente. Com o apoio da prefeitura, suas iniciativas ganharam
relevo. As atividades em reverência à consciência negra, as Rodas de Todos os Santos,
as caminhadas e cortejos pelas ruas da cidade com manifestações culturais e
religiosas lhes deram mais visibilidade na cidade. O Pavilhão da Cultura
Afro-brasileira Zumbi dos Palmares situado no interior do parque municipal Max
Feffer apesar de recente, talvez seja uma das poucas marcas físicas, em termos
de equipamentos públicos, na paisagem urbana que destacam a importância da
comunidade negra na diversa composição étnica que Suzano abriga.
As palavras de origem indígenas
marcam também alguns lugares da cidade, denominando equipamentos públicos, e
fazendo referência à presença histórica do povo e da cultura indígena nesta
região. Nos campos de Mirambawa, o
antigo clube Mirambava, depois de incorporado ao patrimônio público municipal,
foi transformado no Complexo Educacional Mirambava[1],
a Represa Taiaçupeba e rio Taiaçupeba, a rodovia índio Tibiriça, o rio Tietê, o
rio Una e etc. Um memorial foi construído no jardim Ikeda em homenagem aos
índios enterrados naquela região, cujos indícios sugerem sepultamentos
realizados entre 1906 e 1934[2].
As Conferências de Promoção da Igualdade Racial foram frequentes no período de
2005 a 2012, contando com a participação dos movimentos sociais e populares, e
a presença dos representantes de grupos organizados em torno da preservação da
memória indígena regional. Neste particular da composição da população
suzanense é importante registrar a abundância de informações disponíveis sobre
a presença da colônia japonesa; raras as informações organizadas e disponíveis
sobre a presença nordestina; raríssimas sobre a presença negra e indígena bem
como sua participação na construção histórica da cidade.
Fragmento da dissertação de mestrado de Ivan Rubens Dário Jr, intitulada "CORPO em movimento: marcas do Orçamento Participativo na cidade de Suzano/SP"
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